na próxima madrugada (8 Maio) ocorre uma excelente ocultação (occ) de estrela pelo asteróide (130) Elektra.
A estrela é de magnitude 13,2 V, mas como o Elektra também está a 13,1 V mag. o conjunto fica a cerca de 12,4 mag.
Quando ocorrer a occ, fica apenas o brilho do asteroide Elektra (com queda de magnitude de ~0,8 para 13,1).
A faixa de occ percorre todo o nosso País, de sul para norte. No sul a occ (tempo central) é pelas 04:09:30 UTC (05:09:30), no centro pelas 04:10:00 UTC e na Galiza 04:11:00 UTC, já com o sol a -14º alt.
A occ terá uma duração máxima de 34 s, pelo que a observação deverá começar (e terminar) pelo menos 1,5-2 minutos antes (depois).
Ver anexos da faixa de passagem da sombra. Na imagem google – as linhas azuis são o limite da sombra (a vermelho a faixa de erro). A verde a linha central, e já inclui a indicação das posições de 3 observadores que pretendem fazer a observação.
O grande interesse nesta occ – é que o (130) Elektra tem 3 satélites conhecidos. A previsão na imagem occ130_2_1.png é para um desses satélites. Será na zona da nossa faixa costeira Oeste. Terá a duração máxima de 2,7 s.
A estrela estará a 49º alt e 164º azi (a sul), na linha que une a delta Aql e a 27 Aql (3,5º acima da delta e 40′ abaixo da 27).
Também em anexo, mapas do Guide9 com a localização do asteróide. Circulo de 1g e campo rectangular de 20’x15′.
As previsões são de céu com algumas nuvens, mas esperemos ter sorte e conseguir realizar esta occ.
Este mês tivemos a ideia de vos recordar os principais eventos astronómicos que vão ocorrer nos céus portugueses e enviar-vos um pequeno resumo para que possam planear com mais tempo as vossas observações.
8 de março: Lua próxima de Marte e Vênus
Perto da fase da Lua Nova, poderá ver os planetas brilhantes perto do nosso satélite natural. Este evento astronômico é difícil de ver, pois os objetos celestes estarão próximos ao Sol, e você precisará de alguma destreza para localizá-los no céu.
14 de março: Lua próxima a Júpiter
Um evento mais notável ocorrerá uma semana depois. Júpiter e a Lua iluminada em 16% encontrar-se-ão em Carneiro, surgindo após o pôr do sol. Observadores com binóculos poderão ver Urano nas proximidades.
20 de março: Equinócio
Um importante fenômeno astronômico acontece este mês — um equinócio! O primeiro dia de uma nova estação e o dia com horas iguais de luz do dia e noite.
24 de março: Mercúrio em posição favorável de observação
Raramente visível, o pequeno Mercúrio está bem localizado para observação, pouco depois do sol se pôr.
25 de março: Eclipse lunar penumbral
Prepare-se para o primeiro eclipse lunar do ano! Um eclipse lunar penumbral é o tipo mais subtil de eclipse lunar, um que a maioria das pessoas nem sequer notará. Mas você verá este eclipse se souber quando e onde olhar.
31 de março: Cometa 12P/Pons-Brooks próximo a Hamal em Carneiro.
O cometa 12P/Pons-Brooks, vai ser fácil de localizar com binóculos, perto da estrela mais brilhante em Carneiro no final do mês
Perihelion: April 21 (0.8 a.u.) / Orbital period: 71.3 years
Closest approach to Earth: June 2 (1.6 a.u.)
Best viewing window: At nightfall, February through mid-April. Also visible just before dawn in February. Expected peak magnitude: 4 in early April
Source: Sky and Telescope
Asteróides em oposição
3 de março de 2024: 3 Juno (mag 8.6), constelação Leo.
12 de março de 2024: 23 Thalia (mag 9.7), constelação Leo.
Esperando que esta informação seja útil e do vosso agrado, era bom darem-nos algum feed-back para que possamos avaliar a recetividade da mesma. Estejam à vontade para sugerir melhorias que sempre que possível serão consideradas.
The Executive Committee WG Professional-Amateur Relations in
Astronomy invites IAU members to register their projects at Pro-Am Research Collaboration (PARC) platform
The Pro-Am WG wants to connect professional and amateur astronomers with the aim of promoting research collaborations, delivering workshops, and promoting and facilitating the integration of professional astronomers within amateur societies.
With this goal in mind, the Pro-Am WG launched the IAU Pro-Am Research Collaboration (PARC), an initiative that promotes and facilitates professional-amateur research collaborations in astronomy.
PARC aims to enhance professional astronomy research capacity through collaboration with skilled and motivated amateur astronomers.
Throughout history, amateur astronomers have made significant discoveries and contributions to the field of professional astronomy. While many amateurs are observers using smaller optical telescopes to image the night sky directly with CCD detectors, others are engaged in making radio observations or designing and building their own instruments. Some amateur astronomers collect data on solar
eclipses and aurorae or are making astrometric and photometric observations of asteroids and comets and reporting them to the Minor Planet Center, while others are engaged in the precise timing of stellar occultations by bodies in our solar system. PARC will harness this knowledge base and interest from amateur astronomers to enhance the capacity for professional research.
There is an array of useful projects that demonstrate how Pro-Am collaborations can benefit researchers. Galaxy Cruise, from the National Observatory of Japan, and Gaia Vari from the European Space Agency demonstrate the power of amateur astronomers in processing and classifying large sets of data. Individuals can recognise patterns in ways computers can’t, and their efforts can save time and resources, expediting research processes. In some cases, amateur astronomers’ observations have led to the creation of new sets of data used by professional
astronomers. For decades amateurs have been observing variable stars and reporting data to the American Association of Variable Star Observers (AAVSO), and NASA uses amateur astronomers’ Jupiter telescopic images and data of Jupiter to inform the JUNOCAM mission.
Beyond the direct impact on researchers and amateur astronomers groups, the involvement of citizens in research collaborations can increase engagement with astronomy among educators, nonprofit organisations, and industry, fomenting societal support for research activities.
The Pro-Am WG calls on all IAU members who have research projects that would benefit from collaboration with amateur astronomers to register their projects on the WG website. Each project will be reviewed by the Working Group prior to posting. Once in the PARC system, interested amateurs will be able to sign up to participate, and research teams will have the opportunity to review amateur candidates prior to engaging with them as part of the research project.
For more information, please contact Clementina Sasso at clementina.sasso@inaf.it
Utilizando a informação do nosso associado Rui Gonçalves e outra que eu próprio recolhi, informo-vos de duas ocultações muito interessantes que vão ocorrer em breve.
A primeira, bem desafiante, na madrugada do dia 21 Novembro a ocultação (occ) de uma estrela de magnitude 11.8 por uma das luas de Úrano – Titania.
Titania estará a magnitude 13.8 e ocultará a estrela durante ~72 s (na zona central de occ). A queda de magnitude será da ordem de 2.2 mag. O Titania estará a cerca de 30″ do brilhante planeta Úrano.
De recordar que há 22 anos (em 2001) realizamos um excelente trabalho no registo de outra occ por este Titania, cerca de ¼ das occ positivas foi nacional.
Desta vez o evento ocorre mais baixo, a 17º alt a Oeste, no continente, mais elevado nos Açores, e com uma estrela mais fraca.
A Segunda ocorrerá a 12 de Dezembro e é a ocultação da estrela Betelgeuse pela asteroide Leona.
319 Leona é um asteroide com longo período de rotação (430h), da região periférica da cintura de asteroides, com diâmetro estimado entre os 50 e os 61km. Foi descoberto a 8 de outubro de 1891 pelo astrónomo francês Auguste Charlois.
Órbita do asteroide 319 Leona
Faixa de visibilidade da ocultação
A faixa de visibilidade da ocultação, localizada no nosso país, ocorre a sul de Portugal continental.
A Associação Albireo, juntamente com a Associação Portuguesa de Astrónomos Amadores (APAA), o Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA), organiza um encontro de Astrónomos Amadores na tarde do dia 6 de Abril. Nessa mesma noite realiza-se uma Maratona Messier onde se pretende observar ao telescópio o maior número possível de galáxias, nebulosa e enxames abertos e fechados de um total de 110 objectos catalogados pelo astrónomo francês do século XVIII, Charles Messier.
As ocultações estelares por asteroides (não confundir com ocultações lunares, outro campo de observações) consistem em observar e registar os tempos de um asteroide a passar em frente a uma estrela da perspetiva do observador. A sombra destes eventos costuma ser pequena, e cada evento não se repete, tornando este tipo de observação locais e únicas para qualquer combinação estrela-asteroide.
O objetivo das ocultações estelares por asteroides é a medição indireta, com grande precisão, do tamanho e formato dos asteroides, com a possibilidade de também se detetarem outras características, como um sistema de anéis ((10 199) Chariklo, (2 060) Chiron e (136 108) Haumea), satélites (ex: Romulus e Remus a orbitar o asteroide (57) Sylvia) ou uma atmosfera (ex: Tritão, Plutão). Estas medições são possíveis com telescópios de pequeno porte (os mais utilizados na área são os de 20-40 cm de diâmetro), pois estamos a observar a estrela, mais brilhante, a desaparecer e reaparecer, e não diretamente o asteroide.
1 – Exemplo de ocultação estelar por (41) Daphne a 2017/03/02, onde o fluxo da estrela caiu durante ~20s.
2 – Exemplo de um campo de observação (por Dr. Christian Weber, IOTA-ES Berlim, Alemanha), onde a estrela alvo e 3 estrelas de comparação são selecionadas.
A duração típica de uma ocultação encontra-se num intervalo ente 0,1 e 10 segundos, por isso é essencial ter uma câmara rápida, que consiga captar várias imagens por segundo.
Para maximizar a precisão das medições, também é necessária uma localização exata do observador e uma fonte temporal, como um sinal GPS, para indicar que secção do asteroide o observador captou, e os momentos de início e fim de ocultação. Apesar de algumas câmaras, como as QHY, Raptor ou WATEC, oferecerem já o tipo de precisão necessária, estas são caras (centenas ou milhares de euros de investimento), podendo ser incomportáveis para o orçamento de um astrónomo amador.
Por causa disso, são necessárias alternativas, e uma boa escolha pode ser o uso do NMEATime2, disponível a partir da “VisualGPS”, que pode ser transferido para um período experimental, e depois ser comprado por ~20$, juntamente com uma antena GPS por ~15$, que pode sincronizar o sistema do computador com uma precisão sub-segundo. Se o software da câmara for capaz de ler o sistema do computador, esta é uma alternativa barata para conseguir uma datação exata de cada imagem captada. Uma câmara típica com um sistema CCD/CMOS, sem ser topo de gama, custará à volta de ~200$. No conjunto, o material de observação não-especializado (não incluindo um computador ou o telescópio, os quais assumimos o observador já ter acesso à partida), custará à volta de 250$, ou 200€.
3 – Exemplo de datação de GPS inserida no video durante uma gravação.
Diferentes populações de asteroides são observadas com diferentes objetivos:
· Cintura Principal (Main Belt Asteroids – MBA): observados a partir de vários locais em simultâneo, para conseguir obter um modelo de forma e rotação do asteroide, que permitirá determinar a sua composição, história e ligar famílias de asteroides;
· Objetos Transneptunianos (Transneptunian Objects -TNO): maiores e mais lentos do que os MBA, estes objectos são alvo de observações mais longas, mas como a população de TNO também é muito menor, geralmente temos que procurer eventos com estrelas mais fracas, obrigando o uso de telescópios maiores;
· Asteroides Próximos da Terra (Near Earth Asteroids/Objects –NEA/O): mais pequenos e rápidos que os MBA, criam eventos que duram frações de segundo, obrigando a uma câmara muito rápida e datação muito precisa.
Para a redução de dados de ocultações estelares, existem várias ferramentas populares na comunidade, entre as quais destacamos (páginas em inglês):
Para a entrega de relatórios de observação, pode utilizar tanto a ferramenta Occult, como a plataforma Euraster (http://www.euraster.net/) ou a lista Planoccult (http://vps.vvs.be/mailman/listinfo/planoccult). Pode ver nesta página dois exemplos de relatórios, um para uma ocultação positiva (queda de fluxo da estrela visível) e um para uma ocultação negativa (não se verifica a queda da estrela). Recomendamos que partilhe mesmo os relatórios negativos, pois estes podem ajudar a encontrar soluções melhores para resultados obtidos noutros observatórios em relação ao mesmo evento.
Se quiser ficar a par da investigação realizada nesta área, bem como das contribuições de astrónomos amadores, sugerimos a “Journal for Occultation Astronomy” (JOA), uma revista de acesso livre onde os astrónomos membros da IOTA (International Occultation Timing Association) divulgam trabalhos correntes e históricos. Pode aceder às edições anteriores da revista através deste link: https://www.iota-es.de/joafree.html
A nossa proposta é a criação de uma plataforma onde qualquer pessoa possa aceder a eventos promissores observáveis em Portugal, e que possam enviar relatórios dessas observações a nós ou a uma das fontes listadas.
Também estamos disponíveis para fornecer previsões para locais específicos, ou ensinar qualquer membro interessado como criar as suas próprias previsões através das ferramentas Occult e OccultWatcher, para que descubram os eventos mais viáveis em cada zona do país.
Estamos disponíveis para qualquer contacto, listando as áreas onde é preferível contactar um dos membros:
João Ferreira (previsões, análise de resultados, relatórios): jferreira@oal.ul.pt Rui Gonçalves (detalhes de observações, redução de dados, relatórios): rui.goncalves@ipt.pt Pedro Machado (detalhes de observações, equipamento): machado@oal.ul.pt